quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Reflex(ã)o

O sexo acaba. Ele desaba ao lado dela, e ambos, cansados e extasiados, olham para o teto por 2 ou 3 minutos. Ele levanta, pega o maço, vai para a cozinha e serve-se duma xícara de café. Pergunta se ela deseja algo, prontamente tem a resposta: "traz suco, por favor". Retorna com o copo de suco, a xícara e um cigarro à boca, enquanto procura o isqueiro. Senta-se à beira da cama, e a observa atentamente. Ela, por sua vez, admira-se, nua e com suas vestes em mãos, no espelho. Ela foi tomar banho, ele, ficou deitado. Deitado, ele pensa consigo mesmo sobre o vazio de sua vida, outra transa em busca de completar esse vazio, ainda que por alguns momentos efêmeros, angustia-se. Pensa em seus relacionamentos passados, porque existiram, porque acabaram, como foram levados da graça à ruína. Ela, no banho, reflete sobre sua insignificância, quanto tempo mais aquilo duraria, sobre a brevidade da vida, sobre a necessidade de afirmação por parte de um terceiro para sua autoafirmação. Retorna, deita na cama, fita-o no olho, riem. Por um momento, os dois são eternos e infinitos.