terça-feira, 27 de março de 2012

Ônibus

Como alguns sabem, estou fazendo universidade, e como parte do curso, farei alguns textos, e os publicarei aqui. Já fiz isso, com o "Números Obsoletos", agora, mais um.

-------------------------------------------------------------------------------------------------

Terça-feira, 19h, aparece o ônibus. O único vermelho que passa naquele ponto. Vai para onde eu vou. É esse mesmo.
Tudo escuro, como a noite. E o meu passado. Motorista irresponsável, cobrador dormindo, clima agradável e o ônibus vazio. Como o meu corpo e os copos que desejava.
Poucas pessoas. Podia ouvir um rapaz escutando música por meio do fone. As conversas alheias, interessei-me por uma, a mulher, aparentemente 30 anos, reclamava a outra sobre o marido não dar atenção. A outra respondia que tudo havia de melhorar. Pensei em dizer para que conversassem sobre o assunto. Ou para divorciar, mais rápido e prático e ela teria o plus de receber pensão pelos filhos.
Porém, lá estavam duas jovens colegiais, 16 ou 17 anos. Eu acho. Fitei a da esquerda. Mais bonita, cabelo bonito, rosto bonito, meu número. Ela me viu. Cochichou com a outra moça, risos. "Falo ou não falo? Falo ou não falo? Acho que vou falar, mas já vou descer. Você fala com ele?" - ela disse, num tom agradável, doce. Tão doce quanto marshmallow. Fiquei parado, estático, ouvia vozes, como se estivesse em coma e com esquizofrênia, simultaneamente. Ela desceu, a outra não falou. Eu devia tê-la dito que não mordo nem arranco pedaço, ao menos, nunca senti vontade até então.

Nenhum comentário:

Postar um comentário